segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Se desliga, cara!

Você aí, que vive ligado nos notes, nos nets, nos tablets, nos smarts, nas redes, vê se se desliga um pouco. A vida real também é o maior barato!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quando o futebol brasileiro era bom

Quando o futebol brasileiro era bom, o Nilton Santos foi avançando ao ataque, foi avançando, avançando e, enquanto o treinador Feola gritava "Volta Nilton, volta Nilton!", fez um gol contra a Áustria na Copa 1958.

Quando o futebol brasileiro era bom, o Pelé reserva do Dida, o Garrincha reserva do Julinho e o Vavá reserva do Mazola passaram a titulares na Copa 1958 porque os jogadores Nilton Santos e Zito, entre outros, botaram o treinador Feola contra a parede: "ou eles entram ou a gente perde esta merda".

Quando o futebol brasileiro era bom, o treinador Tim, do Fluminense, armou sua mesa de botões pra mostrar aos jogadores as suas posições no campo contra o Flamengo. O atacante Rodrigo, vendo seu "botão" na intermediária, empurrou-o para a marca do pênalti e, batendo várias vezes com o dedo sobre o botão, sentenciou: "É aqui! É aqui que eu jogo!"

Quando o futebol brasileiro era bom, o Clodoaldo combinou mudar de posição com o Gérson – contra a ordem do treinador Zagallo - e marcou o gol de empate na semi-final da Copa 1970 contra o Uruguai. O Brasil foi à final e ganhou o tri-campeonato.

Quando o futebol brasileiro era bom, a Democracia Corintiana foi bi-campeã paulista em 1982 e 1983 com a auto-gestão dos jogadores, liderados por Sócrates, Zenon, Vladimir, Zé Maria e Biro-Biro, sem que ninguém consiga se lembrar quem foram os treinadores (*).

Quando o futebol brasileiro era bom, o Paulo César Carpeggiani pendurou as chuteiras e imediatamente foi ser treinador dos seus ex-companheiros de Flamengo: Zico, Leandro, Junior, Tita, Adílio, Andrade etc. Distribuiu as camisas e disse: "Joguem!". O Flamengo foi Campeão do Mundo Interclubes em 1982.

Estes e muitos outros exemplos da história do nosso futebol marcam um tempo em que os jogadores comandavam o espetáculo e a importância dos treinadores era secundária. Naqueles tempos, o futebol brasileiro era bom.

Hoje temos os 'professores', inflados na beira do campo, cheios de verborragia, munidos de aparatos eletrônicos espetaculosos e armados na disciplina militar (obedeça ou obedeça), que só servem pra dar aparência nobre à sua incapacidade cada dia mais nítida.



O atual ‘professor-mor’ Mano Menezes, no seu futebolês, propagandeia que a 'modernização' da Seleção Brasileira passa pela convocação dos craques "desde que eles se adaptem aos ‘nossos’ métodos, esquemas, sistemas, normas e projetos." Quer dizer, ele quer craques mas não quer que joguem como craques.

O futebol brasileiro não pode depender dos ‘professores’, como nunca dependeu dos treinadores. O futebol brasileiro precisa é que não atrapalhem os nossos craques que querem jogar sua bola. Resumindo: nestes tempos de ‘professores’ o grito da torcida é sempre “Burro! Burro!”, no tempo dos jogadores o grito era “Brasil! Brasil!”. Isto explica tudo.

(*) Mario Travaglini e Zé Maria foram os treinadores

terça-feira, 28 de junho de 2011

E você não acredita em conexão espiritual, né?

Deu no Daily Mail de 15 de março:

A volta do pesadelo: a deprimente destruição de Hiroshima repetida nas imagens dos rastros do tsunami.



(legenda das fotos) "1945 à esquerda e 2011 à direita: Os santuários xintoístas representam a conexão espiritual entre o povo e a terra. Os tradicionais portões Torii de entrada a estes santuários estão entre as poucas estruturas a sobreviver em Hiroshima há 66 anos e na aldeia de Otsuchi na última sexta-feira."

Por favor, céticos, qual é a parte da Engenharia que explica isso?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O jogo dos sonhos

Quando Sergio Pezzotta soou o apito final da Copa Libertadores no Pacaembu, não sabia que na verdade estava dando início ao mais fantástico jogo da história: o Barcelona x Santos que já está acontecendo nos sonhos de todos os amantes do futebol, seis meses antes das duas equipes se enfrentarem em campo na final do Mundial Interclubes da FIFA.

Este é um jogo perfeito. No campo dos sonhos, a disputa é entre o melhor time do mundo e o melhor time da história, não apenas um confronto entre Messi-Xavi-Iniesta e Neymar-Ganso-Elano. Neste campo entram também as chuteiras sagradas de Pelé e Coutinho, Maradona, Cruyff, Carlos Alberto, Pepe, Ronaldo, Romário, Robinho, Ronaldinho, Rivaldo...



Neste jogo imaginário, não tem bola na canela, carrinho, passe errado, chutão. Não tem taça, não tem título nem semi-final nem Mazembaço. Só passe fino, tabelinha, lançamento e golaço.

Um jogo que vai sendo construído e comentado nos bares, escritórios, esquinas, praças, parques, churrascos, mesas redondas da TV. Cheio de lençóis, canetas, defesas milagrosas, cabeçadas, letras, chilenas, dribles-da-vaca, bicicletas e aquela bola no cantinho da trave que-só-não-entrou-porque-Deus-não-quis?

Um jogo de sonho que vai ser jogado até dezembro, que só vai acabar quando, enfim, o juiz apitar o início do jogo verdadeiro e o Brasil inteiro acordar para a dura realidade da voz do Galvão Bueno.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A rainha solteira

Era uma vez um Rei muito popular entre seus súditos e admirado pelos reinos vizinhos. Depois de um longo reinado, ele resolveu que era tempo de descansar de suas obrigações reais. Para sua tristeza, seu filho gostava mais da vida real do que de trabalhar para merecê-la, então ele tratou de procurar na corte um sucessor de confiança, que fosse capaz de levar adiante o seu trabalho. Muitos de seus assessores e ministros, ávidos pelo poder, lutaram entre si para cair em suas boas graças. Tanta cobiça e inveja acabou por destruí-los a todos. Todos menos um. Aliás, uma. Sim, uma mulher. O Rei, então, sem mais demoras, proclamou-a sucessora do trono, apresentando-a como a futura Rainha e causando grande espanto e surpresa em todo o reino.

- Uma Rainha? – desconfiavam alguns – Nós nunca fomos governados por uma mulher!

- Quem vai ser o Príncipe-consorte? – indignavam-se outros – se ela nem marido tem!

Sim, o reino teria uma Rainha sem marido. O Rei convocou o clero para deliberarem sobre a questão. “Deixe, majestade, que eu cuide pessoal e discretamente deste assunto e o senhor não se aborrecerá”, declarou esperançoso o Cardeal e o problema foi posto de lado. O importante era a sucessão. Respeitando a vontade do Rei, a nova Rainha foi aclamada pelo povo. As festas da coroação duraram vários dias, com muita alegria e a promessa de comida e bebida para todos.

O novo reinado transcorria em harmonia com os súditos, e o reino parecia atravessar um período de mágica prosperidade. A plebe comia; a burguesia trabalhava; os negociantes prosperavam; a corte festejava; e os ministros enriqueciam, tudo como tinha sido planejado. E parecia não haver descontentes. A Rainha governava com autoridade, sempre aparentando competência e dedicação ao trabalho. Mas sua expressão não aparentava felicidade. Quase não sorria nas audiências e seus discursos, apesar de esperançosos, eram amargos. Estaria doente? O que lhe faltava? Seus súditos se preocupavam. A alegria daquele povo, que tantos motivos tinha para tudo festejar, não era capaz de contagiar a tão recomendada Rainha. O povo feliz tinha uma Rainha triste.

Aconteceu que, numa noite de lua cheia antes da chegada do inverno, a silhueta de um estranho condor foi vista numa das sacadas do palácio da Rainha por um soldado da guarda real. Logo a novidade correu o reino. Seria mesmo um condor? O dono de uma estalagem nos fundos do palácio jurava ter se deparado com o que parecia ser uma leoa ou uma loba, enquanto jogava fora o lixo da noitada. Uma das damas da Rainha relatou que vislumbrara um boto no fosso do castelo, mas não tinha certeza porque estava muito escuro. As beatas da paróquia persignavam-se por temor ao Satanás. Pescadores ouviram sereias, pastores farejaram serpentes. Nas tabernas, os homens junto a seus copos e as mulheres de poucas roupas não falavam de outra conversa. Quem seriam aqueles bizarros seres – talvez nem existissem, talvez fossem vários – que assaltavam as noites do palácio real?

O tempo passou e as lendas continuaram a ser contadas e recontadas no reino. E então já havia fadas, duendes, cavaleiros alados e toda sorte de feras e belas. Nenhuma delas comprovadas. Todas elas negadas veementemente pelo General da guarda real, pela Ministra Geral e pelo Cardeal. A própria Rainha nunca tocava no assunto, aumentando no povo a crença nas lendas. Não há registros de quanto tempo ainda durou aquele reinado, nem é sabido se o reino permaneceu próspero. Mas a verdade é que todo o povo percebeu – e ninguém negou – que, a partir daquela noite de lua cheia antes da chegada do inverno, a Rainha se tornou uma mulher feliz. E é a felicidade da mulher – acima da Rainha – que o povo feliz até hoje festeja.


Moral
A majestade está sinceridade do povo, não nas aparências da realeza.

Como garantir seu futuro político

O Congresso brasileiro pode ficar tranquilo com relação ao futuro. A nova geração está se preparando com perfeição para assumir a responsabilidade de bem representar a classe e honrar a imagem da casa.

sábado, 4 de junho de 2011

Dancing, not crying

Sem comentários. Assista.



Obrigado à minha amiga gauchíssima Ana Paula Loeblein - @APILoeblein - pelo delicioso presente.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Aí você sai do bar e...

Não é apenas o filme publicitário que é bom. O evento é melhor ainda. Enquanto as autoridades ficam produzindo comerciais desgracentos e inúteis, o Bar Aurora e o Boteco Ferraz dão uma lição perfeita e com bom humor.

Assista o vídeo até o fim. Você merece.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A noite que nunca existiu.

Ele morava no Rio, ela em Brasília. Ele era casado, ela tinha um namorado em Belo Horizonte. Ele tinha um perfil no Facebook, ela também. Ele gostava do perfil dela, ela também gostava do dele. Algumas vezes passavam muito tempo conversando no “bate-papo”. Tinham vontade de se conhecer pessoalmente, mas ela nunca ia ao Rio e ele nunca ia a Brasília.

Um dia, ela publicou no mural: “Daqui a quinze dias vou ao Rio e quero conhecer todos os meus amigos virtuais de lá”. Ele curtiu. Ela voltou a publicar no mural: “Chego no Rio quinta de manhã e o love só na sexta à noite. Amigos do Rio, que tal chopp quinta à noite?” Ele ficou ansioso.

Ela chegou ao Rio. Ele foi ao chopp. Como ela era linda! Como ele era interessante! Muitos chopps depois, alguém deu idéia de um lugar para dançar. Ela ficou animada. Ele não sabia dançar. Então, na saída do bar, ele se despediu. Foi a vez dela ficar ansiosa. Ele chamou um taxi. Ela não tirou o olho dele. Antes de entrar no taxi, ele virou-se para olhá-la mais uma vez. Ela continuava olhando para ele. Ele hesitou. Ela sorriu. Ele chamou-a com um discreto aceno de cabeça. Ela dirigiu-se ao grupo, beijou a todos e foi para o taxi com ele.

Ele sugeriu um drink no Skylab do Othon da Avenida Atlântica. Ela ficou encantada. Conversaram de mãos dadas na mesa da varanda sobre o mar. Ele lembrou a ela que era casado. Ela lembrou a ele que tinha um namorado em Belo Horizonte. Ele imaginou se deveria continuar. Ela duvidou se queria recuar. Desceram ao lobby e alugaram uma suíte. Ela pensou que estava louca. Ele lembrou que adorava loucuras.

Ele amou-a calmamente, ela calorosamente. Ele foi atento, cuidadoso. Ela foi carinhosa, delicada. Ele a olhava contra a luz da lua lá fora e admirava a visão. Ela ouvia a cadência dos suspiros e sussurros e os transformava em música. Amaram um amor tão suave quanto intenso, tão eterno quanto efêmero. Ele disse que queria gravar tudo na memória porque era uma cena que jamais se repetiria. Ela dormiu agarrada ao peito dele como quem quer levar consigo para sempre uma noite que nunca existiu.

Tomaram o café-da-manhã de mãos dadas, olhos nos olhos e a felicidade nos lábios. Um último beijo, longo, com os corações apertados da saudade antecipada. Despediram-se na calçada do hotel, ele para o seu taxi, ela para o dela. Não trocaram o último olhar na ilusão de garantir que sua história de amor iria ficar para sempre inacabada.

Não se apaixonaram nem se tornaram amantes, mas se amam. Nunca mais se viram. Ainda batem papo no Facebook, mas nunca citam a noite que nunca existiu.

Foi uma linda história de amor, dessas raras histórias de amor, que pelo menos há de deixar saudades.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A esperança de bem sofrer.

Vai começar tudo de novo. Vem aí o maior campeonato de futebol profissional do mundo – o Brasileirão 2011. Vinte clubes recheados de juvenis e veteranos, promessas e velhacos, técnicos professores, falastrões e gritões. E juízes de toleráveis a ladrões, jamais bons.

A imprensaiada esportiva nacional já está em polvorosa. Qual vai ser o campeão, quem será o artilheiro, com quantas rodadas será demitido o primeiro treinador, quantos treinadores terão sido demitidos ao final. E quem contratará quem, onde vai jogar fulano, quantos velhinhos voltarão lá de fora?

Nada disso me interessa, o que eu quero saber é o quanto o Fluminense me fará sofrer este ano. Sim, porque o papel histórico do Fluminense é fazer o torcedor sofrer no campeonato brasileiro (e não só).

O Fluminense vai começar o campeonato sem treinador titular. O nível das contratações realizadas até agora leva a crer que sem time titular também. Convenhamos que não é a maneira mais animadora de iniciar a “competição mais difícil do Universo”. Mas tem uma explicação: a julgar pelo que fez desde que tomou posse, desconfio que o Fluminense também não terá um presidente titular, não só neste campeonato mas em todo o atual mandato.

Mas o Fluminense é um clube de paixão às avessas, um clube cuja torcida aplaude o adversário “cucaracha” que acabou de tomar das nossas mãos um título de Libertadores da América em pleno Maracanã. Tenho impressão que a galera até gosta um pouquinho desse sofrimento pré-estabelecido, de nunca ser favorito e mesmo quando tem algum favoritismo ser coberto por uma certa dose de desconfiança.

Então, vamos lá! Que venha o Brasileirão! Vai ser sofrido, mas quem sabe não acaba bem?

(nota mental: na próxima encarnação, nascer espanhol e torcer pro Barcelona. Porra!)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Maria Callas também era Diva da culinária. Sabia?

Sou um mestre-cuca primário – um neanderthal, diriam os gourmants – mas gosto de fazer minhas incursões no fogão. A parte inofensiva desta ausência de autocrítica é que a cobaia sou eu mesmo, mas às vezes acerto uma ou outra receita. E, alheio às críticas como convém a um artista, persevero.

Outro dia, fui a uma livraria em busca de um livro culinário, digamos, “diferente”. Olha daqui, procura dali, e veja só o que encontrei: A PAIXÃO SECRETA DE MARIA CALLAS – um luxuoso livro sobre... culinária! Pasmem, a Diva gostava de receitas!!!



Estava escrito na contracapa: “Mesmo passados 30 anos de sua morte prematura, Maria Callas ainda exerce um grande fascínio na Itália e no mundo. ‘Cozinhar bem é como criar. Quem gosta de cozinha, também gosta de inventar’, segredou La Divina. E uma de suas grandes paixões era justamente a boa mesa. Isso fez com que Maria Callas colecionasse receitas que recortava de jornais e de revistas femininas ou que pedia aos chefs dos grandes restaurantes que freqüentava.”

O livro conta um pouco da vida da Diva, sua glória, seus amores, suas desilusões, tudo isso entremeado por sua paixão invencível pela boa mesa. Maria Callas, sempre que apreciava um bom prato, pedia a receita ao cozinheiro e as anotava à mão. Felizmente algumas dessas preciosidades, que estavam minuciosamente escritas em pequenos pedaços de papel, foram resgatadas. São iguarias preparadas em lugares famosos como o Harry´s Bar de Veneza e o Savini de Milão, além de locais por onde a grande diva passou em sua visita ao Brasil, quando se apresentou na Temporada Lírica Oficial de 1951, em São Paulo e no Rio.

Mas como eu não estou aqui pra fazer propaganda gratuita de restaurantes, e nem sei se eles ainda existem, só quero deixar a dica: As receitas anotadas pela Diva – algumas até criadas por ela – são sensacionais!

Se você confia em minha capacidade culinária – eu não confiaria – está convidado a partilhar comigo algumas dessas receitas. Eu ficaria imensamente feliz, já você, sei não...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

¿Por que no te calas, Zé?

O velho lobo Zagallo abriu o verbo durante um seminário sobre a Copa do Mundo no Brasil, promovido pelos jornais cariocas O Globo e Extra. Não se sabe bem por quê, apontou sua verve na direção do R10: "Para vestir a camisa da Seleção Brasileira, ele (Ronaldinho Gaúcho) não tem mais condições orgânicas para isso. É um craque, mas jogar como meio-campo na amarelinha, jamais!

"

O treinador eleito pelo presidente da CBF pra comandar a vitória na sua "quatorze", Mano Menezes estava na cadeira ao lado e se remexeu, ajeitou a gravata, passou a mão pela semi-careca, olhou pro teto, respirou fundo e fingiu que não tinha ouvido. Mas ouviu. Pra não apertar ainda mais a saia justa, respondeu com diplomacia:

- É uma questão de respeito na condução do trabalho. O grupo que vai para Copa América é com quem participou de jogos até aqui. - ou seja, falou e não disse.

Mesmo não entendendo qual é a contribuição desse seminário para o futebol ou o esporte brasileiro, ou mesmo para a "quatorze" do Ricardo Teixeira, ficou no ar uma questão: Se, na convocação do dia 19 de maio, Mano Menezes chamar o R10, vai sepultar de vez os delírios do velho lobo. Se não chamar - como acho que não chamaria de qualquer jeito - vai passar recibo de falta de personalidade no 'mais alto cargo da pátria de chuteiras".

Sai dessa, Mano!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O efeito-dominó dos Ronaldinhos

Quando, há um ano e tal atrás, o Corinthians 'roubou' o Ronaldinho Fenômeno do Flamengo e estourou o Brasil com a 'maior jogada de marketing do futebol brasileiro', meu lado marqueteiro aplaudiu de pé, mas meu amor pelo esporte torceu o nariz. Este ano, o Flamengo devolveu o estouro e fez a 'maior das maiores jogadas de marketing' trazendo o outro Ronaldinho, o Gaúcho.

De novo, uma vitória acachapante do marketing sobre o esporte.

Nem o Ronaldinho Fenômeno estava, nem o Ronaldinho Gaúcho está (quem sabe estará?), em condições de praticar o esporte que os consagrou. Mas, devido à longa carência de ídolos no nosso futebol, as torcidas e a mídia receberam-nos como deuses (que foram, sim, mas que já não são) tal como incentivaram as empresas que bancaram seus patrocínios.

O perigo é que na esteira desses dois sucessos muito bem marquetados - mas nada esportivos - outros cartolas de outros clubes menos populares e menos marquetáveis quanto Corinthians e Flamengo, acharam de imitar "A Fórmula" de ganhar um prestígio fácil. E toca de contratar Decos, Rivaldos, Liédsons e Adrianos - e mais sonhos de Seedorf, Vagner Love e Pablo Forlan -, à base das tais parcerias milagrosas que pagam tudo e não custam nada. Todos esses jogadores com prá lá de trinta anos e muito mais pra lá de trinta dinheiros. E com o único objetivo - declarado - de 'encerrar a carreira' aqui ou acolá. Jogar bola, que é bom, nada. E se a moda pega?

Se a moda pega, como parece que já está pegando, os marqueteiros vão inundar futebol brasileiro com fórmulas espetaculares quase nunca acompanhadas de investidores reais.

Foi bem legal ver o Ronaldo Fenômeno virar um louco do bando. É bem legal ver o Ronaldinho Gaúcho filosofar que "o Flamengo é o Flamengo".

Entre Ronaldinhos loucos e Ronaldinhos filósofos, é melhor o futebol brasileiro parar por aqui. Seguir em frente vai ser andar pra trás.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O violão e o pedreiro

Havia um violão abandonado num canto do barraco alugado pelo pedreiro. Nem o pedreiro nem a filha adolescente que também morava no barraco sabiam tocar violão. Um dia, o pedreiro ganhou um jogo de panelas Marmicoc numa rifa lá na obra e não tinha espaço no barraco onde guardar a tralha. Resolveu então se desfazer do violão.

Na comunidade tinha uma moça bonita, recepcionista no comércio, de quem o pedreiro gostava muito e que tocava violão. O pedreiro decidiu que o violão ia para ela. Mas a filha do pedreiro, mais esclarecida, aconselhou o pai a procurar alguém que entendesse de violão pra saber direitinho o quanto aquele ali valia. O pedreiro conhecia um velhinho na rua da Conceição que fazia reparos em violões e foi lá falar com ele.

- Traz o instrumento aqui que eu avalio.

O pedreiro embrulhou o violão numas folhas de jornal e foi lá na rua da Conceição no dia da folga. Quando desembrulhou o violão, o velhinho ficou paralizado! Faltou-lhe o ar, os olhos esbugalharam, a boca semidesdentada escancarou, estava estupefato pela visão. Passados alguns instantes, recuperou a consciência, levantou do banquinho, puxou um tapete aveludado para perto de si e pousou delicadamente o violão no tapete.

- Você não faz nem idéia, pedreiro! Nem idéia!

Foi até uma prateleira no fundo da lojinha, espalhou freneticamente para os chão uns livretos e revistas de cifras até encontrar o catálogo que queria. Voltou com o catálogo na mão, sentou outra vez no banquinho, tomando o cuidado de passar bem longe do violão pousado no tapetinho aveludado. O pedreiro parecia assustado:

- O que foi? Isso vale alguma grana?

O velhinho deu uma espiadela no pedreiro como quem diz "herege!", ergueu o rosto para os céus e respirou fundo antes de concentrar sua atenção no catálogo apoiado no colo. Na verdade ja sabia o que o catálogo iria apenas confirmar. Folheou rapidamente as páginas, de repente estancou em uma delas.

- Eu sabia! - exclamou o velhinho extasiado, batendo várias vezes com a palma da mão na página aberta. Eu sabia!!!

Com os olhos marejados, excitado como um crente que vê seu deus, levantou-se e sacudiu o pedreiro pelos ombros.

- Um Magnífico!!! Pedreiro do céu, isto aqui é um Magnífico legítimo!!! Será que você não entende?!!

- Parece boa coisa, né? - respondeu o pedreiro animando-se.

- Boa coisa?!! Você chama um Magnífico legítimo de "boa coisa"?!! Um Magnífico, pedreiro, é um dos dois violões gêmeos, os dois últimos a serem construidos à mão pelo próprio Romeo Di Giorgio em pessoa!!! - berrava o velhinho - Isto não é um violão! É uma obra de arte, uma raridade, uma Mona Lisa de Da Vinci, um Guernica de Picasso!!! Um Stradivarius dos violões!!! Sabe o que é isso, pedreiro?!!

- Bem...

- Perdoai-o, Senhor! Pedreiro, vou falar numa lingua que você entenda - o velhinho respirou fundo outra vez - Pedreiro, você está milionário! MI-LI-O-NÁ-RI-O!!! Entendeu agora?

- Acho que vou desmaiar...

- Desmaia, mas desmaia longe do Magnífico!

********

O Magnífico foi leiloado por U$ 5 milhões pela Sotheby's em Londres e o pedreiro ficou rico. Comprou uma mansão. Casou com a recepcionista. A filha foi estudar em Oxford. Deu uma mega-store de instrumentos musicais num Shopping de luxo para o velhinho da rua da Conceição. Resumindo: todos foram felizes para sempre e acabou-se a história.

MORAL:

Como é que o violão foi parar no barraco do pedreiro?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Minha vizinha lésbica (1)

Quando eu me separei da minha segunda mulher, meu atelier teve que sofrer mudanças.

Por motivos emocionais e, principalmente, financeiros, deixei o imóvel onde trabalhava e onde convivi suavemente com o meu vizinho Marquinho, aquele da flautinha (quem me lê conhece, quem não me lê, link aqui). Reinstalei o atelier num quarto que ficou vago na minha própria casa. Por uma dessas coincidências inevitáveis do destino, no apartamento ao lado do meu, na mesma época estava chegando também outra mudança.

Uma vizinha.

Jovem, linda, loura.

Ái ái ái, meu-deus-do-céu, lá vou eu arrumar problema na minha nova e recém fragilizada vida!!! – pensei. Não dá pra não se fazer de engraçadinho com uma vizinha desse naipe. Só quem é homem solteiro sabe o quanto isso é verdade. Nem que seja só pra contar pros amigos depois. Mas isso é uma outra história.

Em poucos dias, fui conhecendo minha nova vizinha que, além de jovem, linda e loura, era independente e decidida. Caraca! Uma mulher perfeita na porta ao lado! Ela mesma fazia as instalações novas no novo apê, pintava paredes, martelava pregos, arrastava móveis, falava grosso com o bombeiro hidráulico, o eletricista. Falava grosso...

Quando eu conheci a sua melhor amiga foi que eu me dei conta - afinal - de que a minha nova vizinha jovem, linda e loura, independente e decidida, era muito mais do que feminina. Era feminina pra caralho, se é que vocês me entendem.

Tendo ficado claro que nossos interesses sexuais eram os mesmos, tornamo-nos bons amigos. Convidávamos um e outra para uma cervejinha no fim do dia – ela também trabalhava em casa – às vezes um vinho com as namoradas, ela com a dela, eu com a minha quando havia. Fizemos um acordo silencioso, desses que só os bons amigos fazem, no qual, pelo bem do nosso convívio, eu não dava em cima da namorada dela nem ela em cima da minha. Confesso que saí perdendo, a morena dela era muito mais gostosa do que a minha.

Durante aqueles tempos de mudança e instalações nos nossos dois apartamentos, algumas vezes fui solicitado a emprestar uma ou outra ferramenta, ajudar a vedar uma torneira, fixar uma prateleira, essas coisas normais nas novas casas. A confiança que inspirei – acho – nesses bricabraques acabou por me colocar numa situação, digamos, um pouco constrangedora.

- Vizinho, será que você pode me ajudar a consertar um aparelho meu que tá com defeito?

Um vibrador!

Enorme. Colossal.

Formatado como a Natureza nos fez a nós, os homens. Tinha saco e tudo. Só que muito mais enorme, desproporcional! Não sei se meu pobre pênis humano ficou com menos ou com mais inveja do que ficaria a vagina na minha namorada se 'visse' aquilo! Um vibrador humilhante para um homem mais ou menos normal como eu. Em resumo, uma covardia anatômica. E de repente, a minha vizinha jovem, linda e loura, num gesto delicado, botou o pau na minha mão. Literalmente!

- Parou de vibrar e não tá mais na garantia de um ano – foi o que ela me explicou com a cara mais limpa do mundo – Já mudei as pilhas e nada!

Ainda bem que, com o susto, não me passou pela cabeça sugerir algo ‘mais natural’ porque se ela (ou a namorada) tivessem aceitado – e comparado a minha natureza com aquela manufatura extraordinária –, eu teria passado uma tremenda vergonha.

Ái ái ái, meu-deus-do-céu! Dê-me naturalidade pra dizer, sem deixar transparecer as 180 pulsações por minuto, que “ora, ora, isso não deve ser nada...”

Enfim, era um defeito fácil de consertar. Um contato elétrico das pilhas – duas pilhas grandes, dá pra vocês imaginarem o tamanho da coisa? – que tinha saído do lugar. Em dez minutos, ajeitei o troço e o devolvi. E, ó céus, ela ligou o botãozinho pra testar o funcionamento bem na minha frente, aquele monstro se mexendo pra lá e pra cá, e ainda fazendo bzzz bzzz bzzz...

- Ahn, que lindo! Valeu, vizinhão! Te devo uma.

Nunca cheguei a saber qual seria essa ‘uma’ que ela ficou me devendo, nem sonhei em cobrar (possso ser atrevido, mas não sou louco).

Na manhã seguinte, desci no elevador com a formidável namorada morena. Depois do formal “b-dia” e seis andares sob aquele silêncio constrangedor, ela me deu um sorriso largo com sinceridade genuína nas palavras:

- Obrigada, viu? Funcionou direitinho.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Tem design pra tudo!

- Fessôra, posso apontar meu lápis que quebrou a ponta?
- Pode, Juquinha.
- Fessôra, posso apontar meu lápis que quebrou a ponta de novo?
- De novo? Tá bem, pode, Juquinha.
- Fessôra, a ponta quebrou de novo. Posso apontar de novo?
- Juquinha, mais cuidado! Vá fazer a ponta, anda!
- Fessôra, meu lápis...
- Chega, Juquinha! Enfia esse lápis no... (ái meu Deus, dá-me paciência)... no apontador!
- Mas é isso que eu estou fazendo esse tempo todo, Fessôra!


terça-feira, 8 de março de 2011

Mulher, razão do meu viver


"Eva, de repente, descobrindo uma bela cascata, resolveu tomar um banho de rio. A criação inteira veio então espiar aquela coisa linda que ninguém conhecia. E quando Eva saiu do banho, toda molhada, naquele mundo inaugural, naquela manhã primeval, estava realmente tão maravilhosa que os anjos, arcanjos e querubins, ao verem a primeira mulher nua sobre a Terra, não se contiveram, começaram a bater palmas e a gritar, entusiasmados: "O AUTOR! O AUTOR! O AUTOR!". (Millor Fernandes)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Menos, Nike, menos.

A seleção brasileira de futebol principal estreou hoje, na França, o novo uniforme criado pelos estilistas da Nike para a fase pré-Copa 2014. Três detalhes marcam o novo design: a ausência de detalhes em verde na gola e na manga, a barra horizontal sobre o tórax e design dos números.



Não tenho conhecimento de camisas da seleção sem detalhes em verde na gola e na manga, mas acho legal a inovação. Não fede nem cheira, mas é legal inovar. A barra sobre o tórax nem ajuda nem prejudica a aparência geral mas dá o toque de novidade necessário à comercialização. Como um item estético, vale também. Só não precisava dizer que é uma estilização das pinturas de guerra dos indígenas brasileiros, porque isso, além de ser mentira, é uma bobagem tremenda: nenhum atleta de nenhum esporte precisa – nem deve – se vestir para a guerra. Mas a escolha da tipologia (fonte, na linguagem informática) dos números, convenhamos, passou um pouco da medida.

Inovar em design é legal, repito, mas não tanto ao ponto de prejudicar a compreensão. O design dos números exige que o árbitro, o público no estádio e principalmente o telespectador se esforcem para identificar quem é o jogador. Poderia ser mais simples assim, tipo 2 com “cara” de 2 e 5 com “cara” de 5. Mas como é uniforme provisório até a nossa Copa, vamos ver se a Nike se toca quando criar o definitivo.

Afinal, como na última Copa, o torcedor vai querer ter certeza de xingar o 5 pelo nome dele, sem confundi-lo pelo nome do 2. E como ninguém quer que a história se repita, seria bom a Nike dar uma ajudinha.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E tudo começou assim...

No nosso mundo digital, quem imagina que já foi preciso ensinar a usar um telefone? Pra quem nunca viu isso, divirta-se. Era assim: