quarta-feira, 23 de junho de 2010

Meu vizinho Marco Antônio e a Copa do Mundo

Acima do meu ateleier, mora um menininho de 3 anos chamado Marco Antônio. No último natal, Marquinho ganhou de presente (de alguma titia ou vovó, jurou-me o pai) uma flautinha. Entre carrinhos, bolas e super-heróis, o presente que mais o Marquinho adorou foi a flautinha. Uma flautinha daquelas monótonas, cujos furinhos não são furinhos, são rodinhas de plástico adesivo. O único som que a flautinha do Marquinho emite é “fuuuuuu”.

Todas as manhãs, desde o natal passado, eu convivo com o “fuuuuuu” “fuuuuuu” da flautinha do Marquinho. Pelo que percebo das vozes que vêm de cima, o “fuuuuuu” não é irritante só pra mim. Volta e meia, alguém toma a flautinha do menino para se livrar do “fuuuuuu”. Mas piora. O “fuuuuuu” é substituído por um berreiro de manha ensurdecedor, que acaba convencendo o adulto a devolver a flautinha ao Marquinho. E tome “fuuuuuu”!

Aos poucos, fui aprendendo a conviver com a flautinha do pequeno Marco Antônio. Compreensivo com as crianças, convenci-me de que se ele gosta tanto da flautinha, por quê privá-lo? É uma criança, tem direito de se divertir... Passei a ligar a música do meu atelier um pouco mais alta, às vezes trabalho escutando um noticiário de Tv, coisas assim, simples, que acabam abafando um pouco o “fuuuuuu” “fuuuuuu” da flautinha do Marquinho. E como o ser humano se adapta a tudo, adaptei-me ao “fuuuuuu” , esperançoso de que um dia ele ganharia de presente um brinquedo que acabasse por substituir a flautinha na sua predileção. E não é que acertei em cheio?

Ontem o Marco Antônio ganhou uma vuvuzela.