segunda-feira, 5 de março de 2012

Os macacos Juan e Wallace

Na mesma semana, tivemos duas manifestações de racismo no esporte, uma em Minas Gerais e outra em Roma. A primeira executada por uma mulher, uma única mulher, torcedora de volei do Vivo-Minas contra o atleta Wallace do Sada-Cruzeiro no clássico local pela Superliga. A segunda da torcida racista-fascista do Lazio contra o craque brasileiro Juan da Roma no derby da serie A italiana.

Antes de desancar os devidos impropérios contra esses babacas, quero registrar que a operadora de celulares Vivo, patrocinadora do Minas Tenis Clube - o mais tradicional clube incentivador do volei do Brasil e um dos maiores campeões da Superliga - não se manifestou sobre o assunto. Dizia minha avó que "quem cala, consente". Fica a dica, Vivo.

A torcida do Lazio fez gestos de primatas em direção ao zagueiro brasileiro que, perplexo, mandou-os calar a boca com o dedo sobre os lábios. Ao final da partida, Juan se disse surpreso porque depois de 10 anos jogando na Alemanha e Italia, nunca tinha passado por uma situação semelhante. A TV mostrou nitidamente a facção da torcida que fazia os gestos. A polícia italiana não tem por que não prender todos eles. A única medida conhecida foi uma multa de 20 mil euros para o Clube. Nada contra os racistas.



Em Minas, até onde eu sei, nada aconteceu com a senhora ou senhorita que berrava "Macaco!!! Macaco!!!" pro Wallace. O craque da seleção agradeceu a Deus por não ter conseguido identificar quem gritava na arquibancada porque isto impediu que ele pulasse a cerca e enchesse a racista de porrada. A polícia não tá nem aí. A Justiça brasileira cagou e andou. De oficial, apenas uma observação da CBV que cogita pedir punição ao clube. Outra vez, nada contra a torcedora racista.

A melhor reação veio da equipe do Volei Futuro, de Araçatuba SP, a adversária seguinte do Sada-Cruzeiro. Vou repetir: A EQUIPE ADVERSÁRIA. Todos vestiram um uniforme preto, com inscrições contra o racismo e no lugar do nome de cada jogador vinha escrito Wallace, em apoio ao atleta discriminado na partida anterior.



Fica aqui uma lição pra esse bando de autoridades incompetentes, desinteressadas, corruptas e safadas que deviam estar todas na mesma cadeia que a mulherzinha desclassificada e racista. O esporte não precisa de vocês, seus (e sua) merdas.

Pra gente ter uma noção da enorme proporção da discriminação (qualquer que seja) social no Brasil e no mundo, só foi possível registrar o descontentamento contra uma única anônima racista filha-da-puta - uma só, gente! - porque uma equipe inteira - ainda mais a adversária - se manifestou. E foi só um manifesto, lindo, mas de prático, nada!

E você aí que não faz nada?