segunda-feira, 4 de abril de 2011

Minha vizinha lésbica (1)

Quando eu me separei da minha segunda mulher, meu atelier teve que sofrer mudanças.

Por motivos emocionais e, principalmente, financeiros, deixei o imóvel onde trabalhava e onde convivi suavemente com o meu vizinho Marquinho, aquele da flautinha (quem me lê conhece, quem não me lê, link aqui). Reinstalei o atelier num quarto que ficou vago na minha própria casa. Por uma dessas coincidências inevitáveis do destino, no apartamento ao lado do meu, na mesma época estava chegando também outra mudança.

Uma vizinha.

Jovem, linda, loura.

Ái ái ái, meu-deus-do-céu, lá vou eu arrumar problema na minha nova e recém fragilizada vida!!! – pensei. Não dá pra não se fazer de engraçadinho com uma vizinha desse naipe. Só quem é homem solteiro sabe o quanto isso é verdade. Nem que seja só pra contar pros amigos depois. Mas isso é uma outra história.

Em poucos dias, fui conhecendo minha nova vizinha que, além de jovem, linda e loura, era independente e decidida. Caraca! Uma mulher perfeita na porta ao lado! Ela mesma fazia as instalações novas no novo apê, pintava paredes, martelava pregos, arrastava móveis, falava grosso com o bombeiro hidráulico, o eletricista. Falava grosso...

Quando eu conheci a sua melhor amiga foi que eu me dei conta - afinal - de que a minha nova vizinha jovem, linda e loura, independente e decidida, era muito mais do que feminina. Era feminina pra caralho, se é que vocês me entendem.

Tendo ficado claro que nossos interesses sexuais eram os mesmos, tornamo-nos bons amigos. Convidávamos um e outra para uma cervejinha no fim do dia – ela também trabalhava em casa – às vezes um vinho com as namoradas, ela com a dela, eu com a minha quando havia. Fizemos um acordo silencioso, desses que só os bons amigos fazem, no qual, pelo bem do nosso convívio, eu não dava em cima da namorada dela nem ela em cima da minha. Confesso que saí perdendo, a morena dela era muito mais gostosa do que a minha.

Durante aqueles tempos de mudança e instalações nos nossos dois apartamentos, algumas vezes fui solicitado a emprestar uma ou outra ferramenta, ajudar a vedar uma torneira, fixar uma prateleira, essas coisas normais nas novas casas. A confiança que inspirei – acho – nesses bricabraques acabou por me colocar numa situação, digamos, um pouco constrangedora.

- Vizinho, será que você pode me ajudar a consertar um aparelho meu que tá com defeito?

Um vibrador!

Enorme. Colossal.

Formatado como a Natureza nos fez a nós, os homens. Tinha saco e tudo. Só que muito mais enorme, desproporcional! Não sei se meu pobre pênis humano ficou com menos ou com mais inveja do que ficaria a vagina na minha namorada se 'visse' aquilo! Um vibrador humilhante para um homem mais ou menos normal como eu. Em resumo, uma covardia anatômica. E de repente, a minha vizinha jovem, linda e loura, num gesto delicado, botou o pau na minha mão. Literalmente!

- Parou de vibrar e não tá mais na garantia de um ano – foi o que ela me explicou com a cara mais limpa do mundo – Já mudei as pilhas e nada!

Ainda bem que, com o susto, não me passou pela cabeça sugerir algo ‘mais natural’ porque se ela (ou a namorada) tivessem aceitado – e comparado a minha natureza com aquela manufatura extraordinária –, eu teria passado uma tremenda vergonha.

Ái ái ái, meu-deus-do-céu! Dê-me naturalidade pra dizer, sem deixar transparecer as 180 pulsações por minuto, que “ora, ora, isso não deve ser nada...”

Enfim, era um defeito fácil de consertar. Um contato elétrico das pilhas – duas pilhas grandes, dá pra vocês imaginarem o tamanho da coisa? – que tinha saído do lugar. Em dez minutos, ajeitei o troço e o devolvi. E, ó céus, ela ligou o botãozinho pra testar o funcionamento bem na minha frente, aquele monstro se mexendo pra lá e pra cá, e ainda fazendo bzzz bzzz bzzz...

- Ahn, que lindo! Valeu, vizinhão! Te devo uma.

Nunca cheguei a saber qual seria essa ‘uma’ que ela ficou me devendo, nem sonhei em cobrar (possso ser atrevido, mas não sou louco).

Na manhã seguinte, desci no elevador com a formidável namorada morena. Depois do formal “b-dia” e seis andares sob aquele silêncio constrangedor, ela me deu um sorriso largo com sinceridade genuína nas palavras:

- Obrigada, viu? Funcionou direitinho.

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